quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Entrevista pelo The Guardian, em agosto de 2008 (tradução própria)






Entrevista originalmente publicada no The Guardian, por Rossanna Greenstreet, em 9 de agosto de 2008. A tradução do original em inglês foi realizada para http://slavoj-zizek.blogspot.com, pela nossa equipe.






Slavoj Žižek. Photograph: Mykel Nicolaou/Rex

Slavoj Zizek, 59, nasceu em Ljubljana, Eslovénia. Ele é professor da European Graduate School, diretor internacional do Instituto de Ciências Humanas Birkbeck, em Londres, e investigador sênior do Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana. Ele já escreveu mais de 30 livros sobre temas tão diversos como Hitchcock, Lênin e 9/11, e também apresentou a série de TV The Pervert's Guide To Cinema.

Quando você foi mais feliz? 
Algumas vezes quando eu olhava para um momento feliz passado e lembrava-me dele - nunca enquanto ele estava acontecendo.

Qual é o seu maior medo? 
Acordar depois de morto - é por isso que eu quero ser queimado imediatamente.

Qual é a sua lembrança mais antiga? 
Minha mãe despida. Bastante desagrad.

Que pessoa viva você mais admira e por quê? 
Jean-Bertrand Aristide, o presidente, duas vezes deposto, do Haiti. Ele pode servir de modelo para as pessoas, mesmo em situações desesperadoras.

Qual é a característica que mais deplora em si mesmo? 
Indiferença com os males dos outros.

Qual é a característica que mais deplora em outras pessoas? 
Suas desprezíveis disponibilidades para me oferecer ajuda quando eu não preciso ou não quero.

Qual foi o momento mais embaraçoso? 
Estar sem roupas na frente de uma mulher antes de fazer amor.

Sem ser uma propriedade, qual a coisa mais cara que você comprou? 
A nova edição alemã da obras completas de Hegel.

Qual é o seu bem mais valioso? 
Veja a resposta anterior.

O que o deixa deprimido? 
Ver pessoas estúpidas felizes.

O que você mais gosta na sua aparência? 
Ela faz com que eu pareça do jeito que eu realmente sou.

Qual é o seu hábito mais desagradável? 
Os tiques excessivamente ridículos das minhas mãos enquanto eu falo.

O que você escolheria para vestir para se fantasiar? 
Uma máscara do meu próprio rosto, para que as pessoas pensem que não sou eu, mas apenas alguém querendo se passar por mim.

Sobre qual prazer sente mais culpa? 
Assistir embaraçadamente filmes patéticos como Embaraçosamente patético assistir filmes como "A noviça rebeld" ("The Sound Of Music").

O que você deve a seus pais? 
Nada, eu espero. Eu não gastei nem um minuto lamentando a morte deles.

Para quem você mais gostaria de pedir desculpas, e por quê? 
Para meus filhos, por não ser um pai bom o bastante.

Como o sentimento de amor lhe parece? 
Como um grande infortúnio, um parasita monstruoso, um permanente estado de emergência que arruina todos os pequenos prazeres.

O que ou quem é o amor da sua vida? 
Filosofia. Eu secretamente acho que a realidade existe, então nós podemos especular a respeito dela.

Qual é o seu cheiro preferido? 
Natureza em decomposição, como árvores podres.

Alguma vez você já disse "eu te amo" e não quis dizer isso? 
O tempo todo. Quando eu realmente amo alguém tudo o que eu consigo fazer são comentários agressivos e de mau gosto.

Que pessoa viva você mais despreza, e porquê? 
Os médicos que auxiliam torturadores.

Qual é o pior trabalho que você já fez? 
Ensino. Eu odeio alunos, eles são (como todas as pessoas), na maior parte das vezes, estúpidos e enfadonhos.

Qual foi sua maior decepção? 
O que Alain Badiou chama de "desastre obscuro" do século 20: a falha catastrófica do comunismo.

Se você pudesse modificar o seu passado, o que mudaria? 
Meu nascimento. Concordo com Sófocles: a maior sorte é não ter nascido - mas, a piada continua, muito poucas pessoas conseguem isso.

Se você pudesse voltar no tempo, onde você iria? 
Para a Alemanha no início do século XIX, para seguir um curso universitário de Hegel.

O que você faz para relaxar? 
Ouvindo de novo e de novo Wagner.

Quantas vezes você faz sexo? 
Isso depende do que se entende por sexo Se for a habitual masturbação com um parceiro, eu tento não fazer isso todo o tempo.

Qual o mais próximo que já esteve da morte? 
Quando eu tive um leve ataque cardíaco. Foi quando eu comecei a odiar o meu corpo: ele se recusou a cumprir seu dever se servir-me cegamente.

Qual coisa simples poderia melhorar a sua qualidade de vida? 
Evitar a senilidade.

O que você considera ser a sua maior conquista? 
Os capítulos onde eu desenvolvi o que eu acho que é uma boa interpretação de Hegel.

Qual é a lição mais importante que a vida lhe ensinou? 
Que a vida é uma coisa estúpida e sem sentido, que não tem nada a ensinar.

Conte-nos um segredo. 
O comunismo irá vencer.

O original pode ser conferido em: http://www.guardian.co.uk/lifeandstyle/2008/aug/09/slavoj.zizek

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