segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Lançamento: “O ano em que sonhamos perigosamente”, de Slavoj Žižek


A Boitempo acaba de lançar O ano em que sonhamos perigosamente, a ousada análise crítica de Slavoj Žižek sobre o ano de 2011. O livro, traduzido por Rogério Bettoni, já está disponível em versão eletrônica (ebook).


Leia a orelha, assinada por Ivan Marsiglia

O esloveno Slavoj Žižek é um intelectual que pensa perigosamente. À ousadia de uma abordagem totalizante da realidade social, em tempos de saberes hiperespecializados, soma-se a audácia de refletir sobre o tempo presente, sem o telescópio seguro do distanciamento.
É numa espécie de vertigem interpretativa que ele se permite analisar, no instante abrasador dos acontecimentos, fatos que marcaram as primeiras décadas do século XXI: o crash financeiro de 2008 nos Estados Unidos, seu repique na crise europeia de 2010 e a eclosão, em 2011, de movimentos como a Primavera Árabe e o Occupy Wall Street.
Esta engajada coletânea de ensaios se propõe a servir de manual para a mobilização emancipatória que, acredita Žižek, coloca-se pela primeira vez em nível planetário. E não será o Trotski da “revolução permanente”, mas o velho Lenin da pergunta “que fazer?”, o evocado pelo filósofo – que combina marxismo e psicanálise, na trilha de Herbert Marcuse e Erich Fromm.
Para decifrar a “circulação autopropulsora do capital”, que hoje prescinde até da burguesia e dos trabalhadores, Žižek reafirma, em termos freudianos, a ideia de luta de classes: assim como diz Freud a respeito da sexualidade, não é que tudo se resuma à luta de classes, mas a luta de classes se faz presente em tudo.
Assim, o autor vai dizer que a primavera revolucionária se deu no Egito e na Tunísia, mas não na Líbia e na Síria; que a direita americana apoia o Estado sionista de Israel chocando debaixo de suas asas o ovo do antissemitismo; que o sucesso do capitalismo chinês administrado por comunistas é sinal de que o casamento entre capitalismo e democracia está perto do divórcio; que os dispositivos eletrônicos da Apple, vitais para a mobilização no mundo árabe e em Nova York, são produzidos em Taiwan pela Foxconn, por trabalhadores tratados literalmente como “animais”, cujo desespero se expressa numa onda incontrolável de suicídios.
Se este livro não resolve o dilema leninista, oferece um arsenal crítico aos que querem a mudança do mundo, que jogaria a derradeira pá de cal na teoria do “fim da história” de Francis Fukuyama. Para Žižek, a hora é de esperar: “Os protestos criaram um vazio no campo da ideologia hegemônica, e é preciso tempo para preencher esse vazio porque ele é fecundo, é uma abertura para o verdadeiramente novo”.

Sumário do livro
Introdução: War nam nihadan
1. Da dominação à exploração e à revolta
2. O “trabalho de sonho” da representação política
3. O retorno da má coisa étnica
4. Bem vindo ao deserto da pós ideologia
5. Inverno, primavera, verão e outono árabes
6. Occupy Wall Street, ou o silêncio violento de um novo começo
7. The Wire ou o que fazer em épocas não eventivas
8. Para além da inveja e do ressentimento
Conclusão: sinais do futuro

“Este livro tenta contribuir para o “mapeamento cognitivo” (Jameson) de nossa constelação. Primeiro, ele descreve brevemente as principais características do capitalismo atual; em seguida, esboça os contornos de sua ideologia hegemônica, concentrando-se nos fenômenos reacionários (revoltas populistas) que surgem como reação aos antagonismos sociais. Os próximos dois capítulos tratam de dois grandes movimentos emancipatórios de 2011: a Primavera Árabe e o Occupy Wall Street. Tomando como ponto de partida a série de TV The Wire, os últimos capítulos examinam a difícil questão de como combater o sistema sem contribuir para aprimorar de seu funcionamento.” - Slavoj Žižek

Fonte: http://boitempoeditorial.wordpress.com/2012/11/01/lancamento-o-ano-em-que-sonhamos-perigosamente-de-slavoj-zizek/

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