terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O filósofo Zizek deveria ser mais cauteloso antes de disparar sua metralhadora conceitual.


Por Claudio Castoriadis

"Não posso dizer que entendo Hegel e Lacan, os dois faróis de Zizek. Mas, mesmo difícil, ele escreve bem, sabe explicar o que pensa, leva o leitor por longos, longuíssimos raciocínios, cheios de exemplos engraçados, irônicos, absurdos, em geral tirados do cinema: Hitchcock, David Lynch, irmãos Marx, muitos outros. O homem é uma enciclopédia de cinema! Deve ter memória fotográfica porque é capaz de descrever em detalhes todos os filmes que viu. Fascinante! Mas é cansativo. Depois de uma hora conversando com ele, eu estava batendo pino. Simpaticíssimo, galhofeiro (adora uma piada suja), a mil por hora, Zizek é de uma obsessão contagiosa. Paradoxo: é antissocial. Diz que não gosta de gente. Detesta estudantes, intelectuais, outros psicanalistas – especialmente os lacanianos como ele – a esquerda em geral, e obviamente, despreza a direita e o centro. Mas é um doce de pessoa. Não tente entender" (Jorge Pontual a respeito de Slavoj Zizek).

Pois bem, nem preciso lembrar para quem o Jorge pontual trabalha. O que deveras me chamou atenção nessa declaração feita em off pelo Pontual foi o comentário de má fé imputados ao Zizek. Confesso que nunca fui fá do intelectual “marxista”, Slavoj Zizek. Sempre que a conversa é sobre sua postura filosófica, um tipo de esquerda que me causa espanto, meu silêncio é uma resposta em respeito à figura desse simpático pensador.

Porém, como toda mente inquiridora vasculha uma ideia de várias maneiras, a minha foi além do espetáculo de mungangos do Zizek e suas críticas para os líderes latinos.

Sociólogo, filósofo e teórico crítico esloveno, Slavoj Žižek é professor da European Graduate School e pesquisador sénior no Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana. É também professor visitante em várias universidades estadunidenses, entre as quais podemos citar a Universidade de Columbia, Princeton, a New School for Social Research, de Nova Iorque, e a Universidade de Michigan. Nascido na antiga Jugoslávia, em Liubliana, hoje capital da Eslovénia, doutorou-se em Filosofia na sua cidade natal e estudou Psicanálise na Universidade de Paris. Belo currículo. Mas algo me deixou intrigado nessa entrevista. Uma pergunta de imediato arrebatou minha atenção. Será que todos sabem sobre um corte grotesco – feito pelos editores do programa – quando Zizek estava falando positivamente sobre Lula? E quem viu a entrevista reparou que constantemente o pensador esloveno se retrata sempre que a temática abordava Lula? Mas claro, quando o assunto era sobre os demais líderes latinos ele não fazia economia de críticas. O que será que a globo tinha em mente com essa edição dos comentários de Zizek? O filósofo Zizek deveria ser mais cauteloso antes de disparar sua metralhadora conceitual.


Fonte: http://claudiocastoriadis.blogspot.com.br/2013/01/o-filosofo-zizek-deveria-ser-mais.html

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